Morava algures num pequeno condado um rapaz que tinha acabado de sair da idade dos porquês e insistia em querer aprender a arte dos sons. Perante tamanha insistência, sua mãe teve que alargar o pensamento. Eis que de súbito, reparou na povoação que ficava do outro lado e que avistava sempre que partia ou chegava. O nome da terra, é que é estranho! pensou. E os habitantes, como serão? Haverá algum capaz de ensinar a arte? Meteu-se ao caminho, e lá foi saber. Teve que atravessar o rio e em cima da ponte, parou a olhar. Por alguns instantes lembrou-se do medo que sentia em criança, quando pisava as pedras e sentia a água veloz a passar por baixo dos pés. Encosta acima, logo esqueceu do rio e de todas as suas lembranças. Subiu, subiu, depressa chegou à Igreja. As belezas que dali se avistavam, eram magnificas e os habitantes muito hospitaleiros. Os ciprestes que costumava ver ao longe, com uma revogada de vento inclinaram-se a dar-lhe as boas vindas. Mais à frente, o adro espaçoso e arejado chamou-lhe atenção. Reparou que ainda não tinha sido invadido por agiotas que tudo transformam em betão. Abriu a porta para visitar o Senhor, olhou e susteve a respiração. Que Igreja linda! Já no exterior, aproximou-se de dois anciãos que cavaqueavam sentados num banco do jardim com toda a animação. Perguntou-lhes se por aquelas bandas haveria alguém que ensinasse a arte dos sons. Disseram que sim, e entusiasmados indicaram-lhe a pessoa capaz de transmitir todo esse saber ao pequeno rapaz. De seguida, falaram de muitas coisas: sobre o outono, sobre o verão, os que ficam e os que vão. Teceram os maiores elogios à sua aldeia como sendo uma terra de cultura, desde que dois irmãos padres tinham formado à já muitas dezenas de anos uma banda filarmónica.
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