domingo, 18 de novembro de 2012

C.N.E. Núcleo de Fafe

 
A tomada de posse dos dirigentes da Junta do Núcleo de Fafe do Corpo Nacional de Escutas, para os próximos três anos, decorreu no dia 18 de Novembro de 2012 durante a Eucaristia dominical na Igreja paroquial de Fornelos. Estiveram presentes membros de vários Agrupamentos a nível local, assim como também a nível regional. O Município de Fafe fez-se representar pelo vereador da cultura Dr. Pompeu Martins. O pároco de Fornelos, Pe. Albano Nogueira, novo assistente religioso do Núcleo de Fafe, incentivou durante a homilia os jovens a serem coerentes e a viverem de acordo com a filosofia e os valores que regem a Lei do Escuta, dando testemunho e servindo de exemplo a outros jovens para que sigam pelo mesmo caminho.

O chefe Regional de Braga, João Manuel Lopes Araújo, referiu ser uma preocupação do Movimento Escutista, mas também um grande desafio de todos, dar o seu contributo na educação dos jovens. Atingir essa meta é por si só motivo de grande esperança. Como exemplo de perseverança, citou uma passagem do evangelho de Lucas em que Jesus Cristo dizia a Simão Pedro: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca.» Simão respondeu: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes.» Lucas 5,5.

O chefe do Núcleo de Fafe, Adriano Cunha Pereira agradeceu aos que com ele trabalharam no mandato anterior pela sua entrega e disponibilidade. Agradeceu também ao Município de Fafe a abertura que sempre demonstrou às causas do Mundo Escutista.

Pompeu Martins enalteceu o papel dos jovens na sociedade actual, como defensores dos direitos humanos e do meio ambiente, independente de posições políticas, religiosas ou culturais. Salientou a importância da nossa bandeira e do significado que deve ter para todos nós, como símbolo de Portugal e dos portugueses. Como Jesus Cristo deu a vida pelo ideal de amor que tinha para a humanidade, assim também através dos séculos desde o início da portugalidade, muitos tombaram e deram a vida para que Portugal pudesse ser o país que é hoje, livre e independente.
A população de Fornelos associou-se em grande número a este evento e participou na celebração Eucarística que foi solenizada pelo seu Agrupamento de Escuteiros.

O Escutismo, movimento da Igreja Católica, é uma associação de voluntariado sem fins lucrativos vocacionada essencialmente para formação de jovens à luz do Evangelho e com base no método
criado por Badem Powell, seu fundador.
 














F.M.

domingo, 11 de novembro de 2012

Em honra de S. Martinho



Um certo dia, em que bastante chovia, um soldado valoroso, apressado seguia, para chegar ao seu destino, à terra onde vivia. Atravessava a serrania a cantar, alegre, a chuva parecia não lhe pesar, só de pensar, nas coisas boas que iria desfrutar, depois de chegar a casa, ao aconchego do lar. Martinho, assim seu nome escrevia, numa curva do caminho, encontrou um homem, que pouca roupa vestia. Com vontade de ajudar, foi obrigado a constatar, ali, naquele lugar, não ter muito que ofertar. Assim pensava, mas, quando do cavalo se apeava, sentiu que no seu coração boa ideia se instalava. A sua capa, larga e quente iria cortar, oferecer metade ao pobre para o agasalhar.

 O sol que estava a descansar ficou contente com tudo o que se estava a passar. Às nuvens, que andavam a regar os campos, abastecer as fontes, pediu licença para se mostrar, com os seus raios luminosos tão nobre gesto queria saudar. Ao fim desse dia, quando do horizonte se estava aproximar, o sol, por mais algum tempo resolveu ficar, a Martinho um pequeno Verão queria ofertar. E, para que o ocorrido não fosse esquecido, para todos, velhos e novos, se poderem lembrar, viria, mais tarde, a decretar. No decorrer dos séculos, todos, se iriam juntar, com frutos da terra, castanhas e vinho, dia 11 de Novembro festejar. Assim, lá no alto, contente, poderia com mais intensidade brilhar e a todos alegrar.

 Os fornelenses, preservando a tradição, em dia de São Martinho, num aprazível domingo de sol, junto á Igreja e ao salão, no seu magusto, saborearam castanhas, beberam vinho novo da região, cantando e dançando ao som da concertina e acordeão.

Filomena Magalhães

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Horizonte de Liberdade


Numa tarde em que o sol teimava em não se mostrar, Monte Longo atravessou a cidade para visitar as mulheres que sonham em se libertar.
Encostadas à parede, que as estava a amparar, com sorrisos de luar, raios de luz no coração a brilhar, ou lágrimas de mar, lá estavam elas de olhos postos no céu a esperar.
As que na velhice vivem a sabedoria da idade, cheias de graciosidade mostravam em gestos de piedade o caminho, aquela que ainda na flor da idade, tudo quer viver e pouco sabe.
As de meia-idade, com alguma maturidade, por entre as brumas, vislumbravam da janela, junto ao umbral da porta da herdade, uma figura angelical e bela, onde vive a grande comunidade, que seguiu pelos caminhos que conduzem à liberdade.

Uma vez no quarteirão, Monte Longo resolveu nesse mesmo dia visitar o casarão, que viveu durante muito tempo na sua imaginação, onde também estava patente a exposição.

Já no primeiro andar, chegou-se à janela, estendeu o olhar para o sítio onde em tempos se costumava sentar, perto do pomar, que na primavera se enchia de margaridas por entre as ervas verdes a espreitar. Carregadas de flores, com os frutos nas entranhas a germinar, as árvores, estendiam os ramos para vespas, borboletas se poisar. De volta ao interior, influenciado pela beleza das obras de arte que se encontravam ao seu redor, em silêncio entoou, um pequeno hino de louvor. Deus do Universo, que criaste as flores do pomar, a chuva para as refrescar, o sol que as vem alimentar, sinto-me grato por tudo que me é dado presenciar, aqui, ou em qualquer outro lugar.

A rapariga que estava mais ao perto a observar, deixou cair uma lágrima pela tela a rolar. Logo transformada em leve brisa, a lágrima ao se evaporar, entrou pelas narinas, nos corações se foi instalar. Sensibilizadas, por essa onda amistosa que andava pelo ar, as figuras na parede a representar, foram ganhando vida, aos poucos, saíram do seu lugar, vieram-no abraçar.

 Quando a galeria estava a abandonar, Monte Longo lembrou-se de um certo dia em que andava a passear, ter subido as escadas para confirmar se as salas eram tão grandes como as costumava imaginar, antes do progresso chegar e o casarão um dos seus membros ter que retirar para os carros poderem circular. No cimo das escadas a contemplar a clarabóia que ainda se encontrava no mesmo lugar, por instantes, sentiu a escola regressar, no fundo da alma pareceu-lhe ouvir a voz da professora a ralhar. “Aí vêm as parvinhas, têm sempre que se atrasar”. Falava assim, para humilhar as raparigas que estavam a chegar todas encharcadas, já cansadas de caminhar. Secretos mistérios da pedagogia ainda tinham que aturar, depois de levar com a esgravanada e ver o guarda-chuva ir pelo ar. Depois de constatar que o tamanho das salas ficava aquém do que gostava de recordar, com um leve sorriso no olhar disse para os seus botões quando as escadas de granito estava atravessar: Ai a memoria dos sentidos, como nossos sonhos gosta de enganar!