segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Monte Longo VI


 Certo dia ao acordar Monte Longo gostou de ler o que se tinha escrito sobre a rapariga X e o rapaz Y do outro lado mar. O que entendeu, daquilo que leu, foi que o casal num dia igual a outro qualquer foi possuído por um súbito desejo de aventura, um constante bem-me-quer. Para o momento prolongar, resolveram voltar atrás no tempo, embarcar numa máquina que um velho sábio tinha acabado de inventar. Inspirados pelos romances antigos, escolheram como destino ideal a Idade Média, local que há muito desejavam visitar. A viagem já tinha partida com data marcada, teria início de madrugada, quando o relógio da torre da Igreja batesse as três baladas. Seria efectuada num curto espaço de tempo, mas tudo teria de ser maravilhoso e intenso. O rapaz para seu bem alegrar, pensava percorrer a praia, contratar alguns piratas que soubessem bem tocar, outros fariam parte do coro, mesmo a desafinar. No final do serão, ela com os olhos brilhantes de tanta emoção, antes de abrir a porta apareceria à janela a corresponder a toda a paixão. Os dois iriam percorrer trilhos fazer caminhadas, pelos campos verdejantes e colinas escarpadas Ao fim do dia, já cansados de andar, sentados debaixo dos carvalhos, no cimo da colina iriam descansar. No horizonte o sol a descer, a água do mar a brilhar, as gaivotas junto aos mastros a cantar, uma nuvem divina envolta em amor e paz ao longe estavam a avistar, tornando especial aquele lugar.
Pioneiro, um pouco imprudente, o rapaz apoiava as boas causas, era impulsivo mas valente. A rapariga era dúvida, ponderação, alguns pontos de interrogação, deslumbrava-se com o coro que ouvia dentro do coração. Durante o caminho, passou muito tempo a conversar com a alma do mundo, a ouvir o que tinha a lhe revelar. Quando chegou ao local indicado, o botão já tinha sido accionado, o moço já tinha embarcado. A rapariga ficou algum tempo a esperar, na esperança da máquina regressar.  Fruto da Criação, junto dos que lá estão, ficaram em comunhão, os pés, as mãos, os sentidos e a razão, bem junto ao coração.
F. M.

 

 

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